domingo, novembro 02, 2008

Lapidar: Budas de Pedra, jovem morta à pedrada

O editorial de Nuno Pacheco no Público de hoje veio a tempo.

Há dias atrás uma jovem somali de 24 anos acusada de adultério foi apedrejada até à morte, tendo até implorado o castigo. Coisa de somenos importância.

Descobriu agora o El País que a jovem afinal tinha apenas 14 anos e que o seu "adultério" foi cometido por ter sido violada por três homens. Apresentou queixa no tribunal, desistiu da queixa a pedido de familiares desses homens que lhe deram o dinheiro que ela precisava desesperadamente (estava em fuga de um campo de refugiados para casa dos avós em Mogadiscio). Recebido o dinheiro, acusaram-na de extorsão num tribunal islâmico, e finalmente de adultério. A pena, lapidação até à morte, foi executada num estádio de futebol com mil pessoas a assistir, porque não é todos os dias que há festa da rija.

Pena é que duas páginas a seguir no mesmo jornal Público, a estudiosa de temas islâmicos Faranaz Keshavjee, considere que o tema islâmico mais apropriado para comentar nesta precisa semana seja o do ataque americano contra um membro da Al Qaeda na Síria, acontecimento já ocorrido no Domingo passado. A mensagem que a senhora nos passa é verdadeiramente lapidar. E o Público, ao ser conivente com a farsa, não devia chorar lágrimas de crocodilo pelas mãos do seu Director Adjunto.