sábado, janeiro 15, 2005

Rio Nilo - I

O fascínio de percorrer o Nilo lentamente, de barco, é o de poder ir, num ápice, do começo da História até aos nossos dias. O viajante moderno pode escolher entre o conforto de um barco-hotel de várias estrelas, ao simples aluguer de uma feluca com um único tripulante, que ao cair da tarde encosta à margem, ao acaso, uma vez que o Baixo Nilo já não tem crocodilos como antigamente, e as praias são muitas. Ao longo do rio encontra os vestígios das várias civilizações que ocuparam este vasto território, e contacta com as populações de fellahin, que, como há milénios, trabalham a terra, menos fértil hoje, desde a construção da barragem de Assuão, que ao controlar as cheias, impediu os sedimentos de se depositarem nas suas margens.

Nem todas as felucas são de madeira sólida. Também as fazem em chapa de ferro para transportes mais pesados, e até com dois mastros, mas na generalidade são embarcações de madeira. A maneabilidade destas pesadas embarcações é coisa de pasmar. As velas, triangulares, são feitas em tiras de algodão, o ferro é uma cruzeta soldada que se deixa cair no fundo de lodo. Não há motor. Um remo comprido serve de pagaia para acostar.