sábado, janeiro 15, 2005

Rio Nilo - III

Não há Introdução à História da Humanidade que não começe com o Egipto. Uma lista impressionante de nomes como Keops (2.589ac) ou Kefren (2.558ac), construtores de pirâmides, Amenhotep (1.525ac), Akhenaton, o primeiro faraó monoteista, e Nefertite (1.350ac), onze Ramsés (1.295 a 1.069ac), Dario (520ac) e Artaxerxes (430ac) e a conquista Persa, Alexandre o Grande (330ac), quinze Ptolomeus (305 a 30 ac), Julio César , Marco António, Cleopatra (30ac) e o domínio de Roma, a conquista árabe e a conversão ao Islão (640), Saladino (1.171), os Mamelucos (1.250 a 1.516), a passagem de Napoleão, todos estes nomes de alguma forma determinaram o futuro do Egipto, e todos os grandes eventos da História deixaram a sua marca no território.

Os egípcios de hoje não tem nada a ver com os povos que dominaram estas terras na antiguidade, sendo os descendentes dos povos árabes que com Amr Ibn al Aas conquistaram o decadente resquício do Império Romano. Como em todos os tempos mais de noventa e cinco por cento da população vive ainda hoje encostada ao rio Nilo, mas a semelhança para aí. Não há qualquer ligação com o passado, e a cultura islâmica impõe uma subtil barreira para os não crentes, o contacto torna-se difícil quando não impossível. A falta de diálogo gera a incompreensão e às vezes alguma hostilidade para com o estrangeiro.

Da primeira vez que visitei o Egipto, encontrei mais vontade de contacto, mas também nessa altura o turismo de massas ainda não tinha feito o seu estrago. Quis comprar uns sapatos que vi numa montra. Discuti um pouco o preço, como sempre se faz, e calcei-os nos pés para sair. Vinte metros depois saltou-me o fundo do pé direito. Voltei para a loja onde depois de muitas desculpas me trocaram por outro par, bem embrulhado. Já no hotel voltei a calçar os sapatos novos para sair, mas só duraram até ao hall da entrada. Ficaram no caixote do lixo. Depois, contaram-me que no tempo do grande movimento de navios de passageiros pelo canal de Suez, os viajantes compravam relógios cuja corda só durava vinte e quatro horas, o tempo suficiente para o navio se afastar. Hoje, esse temo acabou e não tenho a certeza se esta anedota é a regra ou a excepção, mas a impressão que tenho, e pela qual me tenho guiado, é a de que nunca fiando.