sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Mais do mesmo

Os mesmos que nos querem fazer crer que os atentados à bomba no Iraque são apoiados pela esmagadora maioria da população iraquiana revoltada contra com o "invasor" norte-americano, querem-nos agora fazer crer que a esmagadora maioria do mundo muçulmano está revoltada contra os europeus em geral e os dinamarqueses em particular, nesta questão das caricaturas de Maomé.

Não estão. São apenas alguns e não são muitos, mas passar essa mensagem vende mais jornais e footage de televisão.

A maioria, a grande maioria, a esmagadora maioria dos muçulmanos ainda pensa que a veneração de Deus é mais importante que a veneração do seu profeta.

Concordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Professor Freitas do Amaral, por quem não nutro nenhuma simpatia como é patente pelos apontamentos que aqui já coloquei anteriormente, que é absolutamente necessário pôr agua na fervura, e fazer acalmar tanto os europeus ofendidos, como os muçulmanos ofendidos, como os jornalistas incendiadores, que os há.

Mas atenção, porque depois há muita coisa a dizer e a fazer.

A primeira é reconhecer que uma religião, que não reconhece a separação de poderes com o estado, que aceita a poligamia como legítima, que considera que as mulheres tem menos direitos do que os homens, e que não reconhece legitimidade ao juro, é uma religião que tem de ser controlada quer pelo voto do povo, quer por um déspota humanista. Daí o acreditar que a aposta na democracia é uma aposta válida a médio prazo para estados laicos como o Iraque ou o Egipto. A Europa não pode por-se de lado, a ver as coisas passarem aqui à nossa porta, como até agora tem feito, e a deitar as culpas para a ingerência americana. Os ingleses que sabem mais do médio oriente que todos os outros europeus juntos, sempre o perceberam, sempre quiseram, a bem ou a mal, influenciar os acontecimentos no mundo muçulmano. Integrados numa comunidade de estados com interesses comuns não podemos aliás agir de outra maneira.

A seguir é necessário reconhecer internamente na Europa, que existe uma minoria de fanáticos religiosos muçulmanos que está empenhada em provocar uma guerra civilizacional que pensa poder vencer. Ao princípio contra o Ocidente. Estão a usar a nossa total dependencia do petróleo como arma. No Iraque, no Irão, na Nigéria. A primeira responsabilidade de controlar esse movimento, e acabar com essa gente, é dos governos desses países. Não é mais possível a Europa financiar um estado Palestiniano agora controlado pelo Hamas. Se eles preferem a lei da sharia, e a inevitável guerra civil que se segirá façam o favor de se servirem, mas que não o façam com o financiamento dos nossos impostos. Os asiáticos hoje fingem que não é nada com eles, e de facto a guerra parece ser apenas contra os cristãos. Talvez uma révanche dos males causados pelos Afonsos de Albuquerque e outros europeus há cinco séculos.

Em terceiro lugar há que reconhecer publicamente que os governos da Siria e do Irão estão por detrás de todos estes multiplos incidentes, numa tentativa de desviar a opinião pública àrabe dos seus problemas internos, nomeadamente insatisfação social e desemprego que grassam nesses países. E agir em conformidade, quer oficialmente através da ONU, quer subsidiando firmemente e publicamente todos os opositores a esses regimes. Para erradicar de vez essa peste.

O multiculturalismo, e a compreensão do outro, da sua especificidade, não nos podem servir neste desiderato.