quinta-feira, janeiro 26, 2006

Guerra Civil à vista na Palestina

A vitória contundente do Hamas nas eleições de ontem naPalestina não augura nada de bom.

Os palestinianos escolheram um partido que (1) recusa os próprios termos em que foram acordadas estas eleições, o chamado roadmap to peace, e que (2) é considerado por todos os Estados que subvencionam a Palestina, ou seja os europeus, como um partido de terroristas. Os palestinianos podiam estar fartos da corrupção generalizada e da desorganização do seu Estado protagonizada pela Fatah, mas não deviam ter mordido a mão que lhes dá de comer. Ou podiam?

Não é crível que os europeus retirem agora o apoio financeiro aos palestinianos, e é natural que à maneira tão típica de Javier Solana, procurem alguma desculpa para dar o benefício da duvida ao Hamas, enquanto esperam, que o Hamas mude, o que não creio que possa vir a suceder. O Hamas pelo seu sentido de "virtude" e o seu hábito de violência e apologia da morte, não é um partido de poder.

A conclusão disto parece-me assim ser a de que vai haver uma guerra civil na Palestina. Com alguns milhares de mortos. Seguir-se-á a intervenção da Síria e do Irão para acalmar as partes, e, inevitavelmente, a entrada de Israel. Temos assim todos os condimentos para uma convulsão a sério no Médio Oriente.

Alguns israelitas pensam que a força do Hamas foi dada pela "fraqueza" manifestada por Israel ao sair unilateralmente da faixa de Gaza. Não o creio. A força do Hamas é a força de centenas de milhares de frustrados de viverem num gheto, enquanto veem o sucesso económico e a riqueza espalhados à sua volta. Eles simplesmente não compreendem que isso é o fruto de uma condição que a sua história e religião abominam: o trabalho.