quinta-feira, março 03, 2005

The Voyage of the Beagle

de Charles Darwin; 1ª ed. de 1839, revista em 1845; 449 paginas. Titulo original Journal of Researches into the Geology and Natural History of the Various Countries Visited by H.M.S. Beagle
Quando o jovem Darwin voltou de uma volta ao mundo em cinco anos (Dez. 1831- Out. 1836), tinha apenas 27 anos, e era um homem mudado pela extraordinária experiência que acabara de viver e que transfomara a sua visão sobre a evolução do planeta e das espécies que nele habitam. Na altura a Terra era considerada como tendo sido criada por Deus em sete dias de acordo com a Bíblia, e as espécies eram imutáveis desde a sua criação divina.
A publicação deste diário celebrizou o cientista muito para além do que alguma vez sonhara. Darwin tinha abandonado a medicina em Edimburgo e preparava-se para seguir a carreira de pastor anglicano após três anos de estudos em Cambridge, onde se notabilizara mais pelo seu prazer pela caça, bebida e cartas, do que pelos estudos, e onde tinha adquirido um interesse seguro pela geologia e pelo estudo do mundo natural. Planeava antes de encetar a sua vida de pastor passar algum tempo nas Ilhas Canárias a acompanhar um distinto professor de geologia que entretanto morreu. Recebeu nessa altura a notícia de que o jovem Capitão FitzRoy estava à procura de companhia para uma viagem de dois ou três anos à volta ao mundo. A viagem tinha como finalidade fazer alguns levantamentos topográficos e estudos ciêntificos nomeadamente de geologia. Darwin obteve a aprovação relutante do seu pai e em apenas três meses partiu com mais 72 marinheiros numa viagem que ficou célebre. Darwin relata de uma forma vibrante e por vezes minuciosa, mas nunca enfadonha, as observações de viagem que fez por terra, sobre as pessoas e costumes que encontrou, as montanhas, rios e lagos que atravessou a cavalo, as plantas e animais que colecionou e dissecou. Passou três anos e meio na América do Sul tendo viajado pelo Brasil, Uruguai, Argentina, Chile e Peru. Essas descrições de viagem ocupam três quartos do livro. Visitou de seguida as ilhas Galápagos, Tahiti, Nova Zelandia e Australia, e voltou para Inglaterra depois de breves passagens pelas ilhas de Cocos, Mauricias, Santa Helena e Ascensão, e voltar a tocar de novo em Salvador da Bahia e Cabo Verde, com uma passagem final de 6 dias pelos Açores. O seu diário de viagem tinha na altura 770 paginas, mas para além disso escreveu quse 1500 paginas de apontamentos geológicos, catalogou 1529 espécies preservadas em alcool, e troxe quase quatro mil amostras de peles, ossos e outros espécimens. O livro lê-se como um romance de viagem, mas é o livro de um homem de ciência. Não perdeu com o tempo nem frescura, nem actualidade.