quinta-feira, novembro 17, 2005

Onde pára a polícia?

Faço mais de 50.000 kms por ano. Nos últimos vinte anos só fui parado pela polícia duas vezes, para mostrar os documentos e soprar no balão, em 1999 e em 2003.

Vou ao Algarve ou ao Norte quase todos os meses, e vejo (quando vejo) no máximo um carro patrulha em toda a viagem. Responder-me-ão que as patrulhas andam em carros disfarçados. Acho mal. Acho péssimo até. Isso é caça à multa. Não é assim que se faz prevenção rodoviaria. A prevenção faz-se pela ostentação, pela presença constante da polícia. A polícia é o representante permanente, (e para muitos de nós o espelho), da autoridade do Estado junto aos cidadãos.

Passo há vinte e cinco anos todos os dias pela Ponte 25 de Abril, e nunca fui interpelado, nem nunca sequer vi uma patrulha de trânsito à saída das portagens, como vejo com frequência nas autoestradas de Espanha ou França onde me desloco com regularidade. Também nunca vi patrulhas na Ponte Vasco da Gama, embora esteja lá um posto da GNR. Não há carros roubados? Não há matrículas para conferir? Não há carros sem farois? Não há menores a conduzir? Não há gente obviamente incapacitada?

Em Lisboa há carros parados por cima dos passeios, inclusivé por cima de passeios junto aos parques de estacionamento públicos com lugares vazios, e a polícia não actua. Com a maior desfaçatez para-se em segunda e terceira fila, acendem-se os piscas, e vai-se tratar da vida, o trânsito fica de repente caótico, mas a polícia não actua.

Onde, mas onde pára a polícia que não a vemos?