terça-feira, maio 02, 2006

Morreu Jean François Revel

Morreu Jean François Revel, o pensador francês que a par de Raymond Aron, me abriu os olhos para as verdadeiras questões do mundo moderno, e me ensinou a reconhecer os charlatães, e vendedores de ideias em segunda mão, que são a generalidade dos filósofos e sociólogos franceses que povoaram as minhas leituras de juventude. Julgo que a descoberta dos seus escritos foi fundamental para o desenvolvimento de muitos homens da minha geração.

Para quem não se interessa pela política, O Monje e o Filósofo, livro que é fruto dos diálogos com seu filho Paul, jovem promissor engenheiro transformado em monje budista e colaborador do Dalai Lama, são um exemplo de diálogo discordante em total liberdade, que qualquer pai deveria ler.

Na àrea política, livros como L'obsession anti-americaine (ed. Plon, 2002, 301 páginas), A Grande Parada ou porque sobrevive a utopia socialista (ed. Notícias, 2000, 315 páginas), La Connaissance Inutile (ed. Bernard Grasset, 1988, 601 páginas), La Nouvelle Censure (ed. Robert Laffont, 1977, 349 páginas), A Tentação Totalitária (1976), A Revolução Imediata (ed. Bertrand, 1970, 323 páginas), tradução idiota do bem mais apropriado título original francês Ni Marx ni Jesus, foram cada um no seu tempo, marcos inesquecíveis e estímulantes de um pensamento livre cuja produção agora desaparece.

Tal como Sartre visitou Lisboa para ver in loco a Revolução de Abril, mas ao contrário deste, cedo se desiludiu. Sobre Sartre chegou a questionar: “Pourquoi l’écrivain français le plus représentatif des années 1950 et 1960 a-t-il haï la liberté, lui le philosophe de la liberté? Pourquoi ce penseur si intelligent approuva-t-il la nuit intellectuelle du communisme?
Pourquoi le fondateur de la fameuse revue Les Temps modernes ne comprit-il rien à son temps? Pourquoi ce raisonneur si subtil a-t-il été l’un des plus grandes dupes de notre siècle?
Au lieu d’escamoter ces réalités, mieux vaudrait tenter de les expliquer. Le problème n’est pas celui des aberrations d’un homme. C’est celui de toute un culture. Pour le résoudre, inspirons-nous de ce que Sartre a enseigné, surtout pas de ce qu’il a fait, de sa philosophie de la responsabilité, surtout pas de ses actes irresponsables, de sa morale de l’authenticité, surtout pas de son idéologie de la falsification.” A esquerda a que ele dizia pertencer, sentiu-se logo traída e chamou-lhe de reaccionário.

Um site com o seu nome presta-lhe a mais que merecida homenagem .