domingo, agosto 13, 2006

A esquerda conhece Marx?

A esquerda radical não conhece Marx.

A ideia central do pensamento de Karl Marx (v. Manifesto do Partido Comunista) é de que as ideias dominantes de uma época são as ideias da classe dominante. Porque a classe dominante é a classe social que detém o poder económico, e quem detém o poder económico determina o pensamento da sociedade.

Nada mais verdadeiro se aplicamos esta ideia ao que se passa no mundo árabe dominado pelo Islão. A classe dominante (religiosos, chefes tribais, militares, comerciantes), impõe às classes dominadas um sistema de vida que é feito na base da submissão (em àrabe: islam) e aceitação das ideias dessas classes. Submissão e aceitação do facto de muitos homens não encontrarem parceira (a poligamia impõe que muitos homens não consigam procriar), submissão do sexo feminino ao poder do sexo masculino e a virtual eliminação dos direitos das mulheres, submissão e aceitação das regras e preceitos religiosos que impõe um estrito controle social, submissão e aceitação da vontade autoritária do chefe, do emir, do sheick, ou do íman.

Tudo isto parecem ser ideias caras à esquerda moderna (?!), e por esse motivo o seu apoio aos movimentos religiosos integristas islâmicos, e à perpetuação deste estado de coisas. Nada mais estranho à esquerda radical moderna do que a ideia de democracia para os estados árabes. Não se lê um escrito, uma ideia, um debate sobre o assunto. Não se lê um escrito, uma ideia, um debate sequer sobre o problema central da liberdade.

Porque a esquerda não só não leu Marx, como não se interessa pelo marxismo. O marxismo é apenas uma bandeira sem conteúdo. O pensamento moderno de esquerda é o fruto da sociedade capitalista e de consumo que a esquerda abomina. Não nos devíamos admirar portanto que para a esquerda radical o Islão tenha o mesmo efeito que o comunismo: uma ilusória promessa de paraíso para os descontentes. Algo que a religião católica já não promete.

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