terça-feira, junho 14, 2005

O que devemos a Cunhal

Tem sido esquecido o que todos devemos a Cunhal. A sua morte não nos libertou do complexo de esquerda com que teve a arte de enquadrar o pensar português, como se vê pela abjecta deferência com que a sua vida é retratada na comunicação social. Aqui vai o meu modesto contributo para a sua memória:

1. Os operários e demais trabalhadores fabris devem a Cunhal serem os mais pobres da Europa dos 15. Sem a força da CGTP controlada pelos comunistas, e dos sindicatos socialistas com medo dos comunistas, as leis de "protecção do trabalho" não teriam atirado Portugal para a cauda da Europa. Provavelmente estariamos ao nível da Espanha, talvez entre a Espanha e a Grécia.

2. Os professores, estudantes e demais amigos da FENPROF beneficiam há anos do pior ensino da comunidade, da mais alta taxa de inssucesso escolar, e duma das mais altas taxas de analfabetismo da Europa.

3. Os profissionais da saude e todos os portugueses que tiveram de utilizar serviços públicos de saúde.

4. O milhão e meio de portugueses que tem processos pendentes à anos nos tribunais.

5. Os 770.000 funcionários públicos que temos e que deveriam ser metade.

6. Os 700.000 retornados devem a Cunhal a descolonização exemplar e o terem voltado de Africa com uma mão à frente e outra atrás.

7. Os jornalistas, sociólogos e outros profissionais de comunicação social devem-lhe o quadro de referência moral com que julgam a sociedade.

e ainda,

7. Os emigrantes africanos devem-lhe a guerra civil que assolou os seus países (Angola, Guiné, Moçambique) e provocou milhões de mortos.

8. A população checa deve-lhe o ter sido o organizador da invasão soviética e mais trinta anos de ditadura comunista.