domingo, março 12, 2006

Um espectro ameaça a Europa: o populismo

Hugo Chavez seria apenas mais um miserável populista não fora o petróleo. É desculpado no ocidente porque não é políticamente correcto criticar um pobre coitado, em quem num longínquo país de selvagens, tantos desgraçados depositam as suas esperanças, e que, para muitos de nós, consegue manter acesa a chama da utopia socialista . Se o homem ao mesmo tempo nos assegura que a torneira do petróleo continua aberta, tanto melhor para todos.

Mas que pensar de um político como Dominique de Villepin, aqui mesmo no coração da Europa, que considera os iogurtes Danone um produto estratégico, tendo elaborado uma veemente e pública defesa dos interesses nacionais franceses, contra os putativos interesses da Pepsi-Cola? Típico ridículo nacionalismo exacerbado francês?

Não. Na Polonia ou na Espanha, vemos tambem um pouco mais do mesmo, e em Portugal aproximam-se os tempos em que também o Estado ( a propósito da PT e dos que se lhe seguirão), se prepara para dizer aos cidadãos o mesmo que os outros, e que é resumidamente o seguinte: os accionistas das empresas não conseguem entender o que é bom para eles. Embora sejam na sua maioria investidores institucionais, e os poucos investidores particulares já tenham dado provas de saber o que fazem pelas quantidade de dinheiro que amontoaram, torna-se necessária a intervenção do Estado para que eles percebem qual é o seu interesse.

É lamentável que duas guerras europeias, o espectro da insignificância económica, diplomática e militar, que se aproximam a passos largos da Europa, não tenham conseguido abrir os olhos dos nossos concidadãos para desconfiarem sempre do Estado, desconfiarem dos modernos demagogos, desconfiarem de todos os salvadores que agem eu seu nome, sempre, sempre, sempre, para nosso bem.

A civilização é a penas uma pequena película que esconde a nossa natureza animal profunda, o nosso primitivismo essencial. Basta uma arranhadela para vir tudo à superfície.