sexta-feira, janeiro 20, 2006

O 'desígnio inteligente' não é ciência - diz, finalmente, o Vaticano

Segundo a CBS News o Jornal do Vaticano num artigo assinado por Fiorenzo Facchini, professor de biologia na Universidade de Bolonha, critica os creacionistas dizendo que "o desígnio inteligente não é ciência, e o pretexto que pode ser ensinado como teoria científica, ao lado da explicação evolucionista de Darwin, é injustificado". Acrescentou ainda que os argumentos dos creacionistas "não são ciência, mas ideologia".

Até que enfim! Penso que Darwin ficaria satisfeito com este primeiro e modesto passo. Toda a sua longa vida, lutou contra a sua crença religiosa, passo a passo, numa descoberta gradual de que o creacionismo em que fora educado, não podia responder à observação científica que fazia todos os dias. Lutou contra o fervor religioso da sua mulher, contra a família próxima, e contra sociedade em geral, dando um exemplo de homem de ciência, invulgar para a sua época e estatuto social.

Provou que o mundo não tinha apenas cinco mil anos de existência como se acreditava até aí, (hoje sabemos que está próximo dos cinco mil milhões de anos), que as espécies se modificavam e adaptavam lentamente ao longo dos anos pela selecção natural (hoje sabemos que para além da evolução pela selecção natural, existe ainda a evolução pelas mutações genéticas, ou erros de cópia, e pela deriva genética), e que finalmente, o homem, pelo facto de compartilhar inúmeras similaridades com os outros seres vivos, não tinha nenhuma razão para ser diferente de todas as outras espécies. E provou isto antes de conhecer as teorias de hereditariedade de Mendel, a antes da descoberta do ADN.

Haldane disse há mais de cinquenta anos que deixaria de acreditar na teoria da evolução pela selecção natural, se alguém lhe mostrasse um fóssil de coelho da época do Pré-Câmbrico. A sua ideia era a de que sendo o coelho um mamífero, que como todos os mamíferos teria descendido de um réptil, que por sua vez teria descendido de um anfíbio, que teria descendido de um peixe, e por aí fora, seria impossível descobrir um fóssil anterior aos seus ascendentes cem milhões de anos atrás. Tal como não seria possível descobrir fósseis de hominídeos do tempo dos dinosauros.

Os creacionistas deviam pensar nisto. Se querem acreditar nos seus dogmas religiosos façam o favor, mas nao misturem ciência com religião.