segunda-feira, maio 08, 2006

Um sinal dos tempos

Ontem o telejornal da RTP punha uma questão sobre o instinto maternal: é este igual no homem e na mulher?

A pergunta é interessante e foi amplamente respondida pela ciência. A resposta na sua simplicidade é - não. O instinto maternal é na generalidade típico do sexo feminino, e em todas as espécies, (com alguma excepções em alguns peixes e insectos), e estará relacionado, pelo menos nos mamíferos e aves, com os níveis de testosterona no sexo masculino, e com o facto de o sexo masculino investir na quantidade de filhos versus qualidade da progenitura no sexo feminino, e logo no diferente investimento que cada um dos sexos faz na sua descendência.

Há duzentos anos atrás a resposta para esta pergunta teria sido procurada junto de um iman ou sacerdote, ou outro representante de uma qualquer Igreja, que à luz da leitura das Escrituras e do senso comum teria respondido o melhor que sabia.

Sinal dos tempos, hoje a resposta a esta pergunta foi procurada pelo jornalista da RTP junto de um... sociólogo.

E o sociólogo respondeu o esperado, e politicamente correcto: que o instinto maternal é igual no homem e na mulher, mas que se nota mais na mulher pela dominação que o homem exerce sobre o sexo feminino, e que a obriga a fazer trabalhos que deveriam ser partilhados.

O que há a ressaltar nesta notícia, não é a desfaçatez, ou, mais provávelmente, a ignorância do sociólogo ao pronunciar-se sobre um assunto que não é da sua competencia, porque os sociólogos desde há muito que se habituaram a pronunciar sobre muitos assuntos de que nada ou pouco sabem. O que há de ressaltar é a confirmação do que hoje chamamos de iliteracia jornalística, em que a resposta a uma pergunta de cariz eminentemente científico, é posta não a um cientista mas a um representante das ciências sociais. Porque não perguntar na próxima vez a opinião de um jornalista, se é tudo uma questão de opinião?