domingo, janeiro 23, 2005

Uma cura para o esquerdismo?

Já que estamos em maré de eleições, e porque vou estar ausente durante um mês, não me posso recusar a dar o meu contributo cívico para manter uma consciência sã. Com uma vénia e uma gargalhada, aqui segue uma tradução muito livre e aportuguesada dum caminho possível de cura para o esquerdismo:

Introdução

Há quem considere que o estado de espírito dito de esquerda corresponde a uma desordem ou disfunção mental que nos coloca uma venda à volta dos olhos que impede de ver a realidade. Há razões para assim pensar, por ser essa a única explicação plausível para que pessoas normalmente consideradas de inteligentes se vejam transformadas em cassetes de propaganda que apenas se preocupam com a mensagem e não com os erros que a mensagem transmite. Para essas pessoas a emoção que sentem com o que dizem é mais importante do que a lógica daquilo que dizem. A essas pessoas convém ensinar que na vida, tal como no corpo humano, o coração está por cima da barriga, mas a razão está por cima do coração.

Será possível fazer uma transição com sucesso do mundo da crendice para a realidade? Um modo de ultrapassar é esperar que essas pessoas cresçam, que saiam da casa dos pais, e que começem a ganhar a vida por sua própria conta. Para os mais velhos o programa seguinte poderá dar uma ajuda. Mas o Programa não promete a cura. Serve apenas de ajuda. Se ninguém faz essa transição sozinho, também ninguém a faz por si.

A cura em dez passos:

Passo nº 1: Admita que você é uma pessoa de esquerda

É importante reconhecer que você não é simplesmente “progressista”, “moderado”, ou “esclarecido”. Você é de esquerda, revê-se nos argumentos da esquerda, e antes de mais deve a si próprio reconhecer esse facto.

Passo nº 2: Comprometa-se com passar a suportar as suas crenças apenas com factos.

Realize que a verdade é mais importante do que a superioriade moral, e que a procura da verdade é o único meio de conhecer a realidade. Você terá de procurar a realidade para além do que dizem ou escrevem os gurus em quem acredita. No futuro não se poderá basear mais nos seus sentimentos ou na emoção provocada pela leitura ou audição de uma frase por mais bela que esta lhe pareça, e terá de procurar ter os seus próprios argumentos e a sua própria informação. Este passo é difícil de dar porque significa que você tem que deixar de se encostar nos outros, procurar as suas próprias fontes, enfim, deixar de ser preguiçoso.

Passo nº 3: Leia um livro de Introdução à Economia ou se puder tire um curso abreviado de Economia, de nível liceal.

Um esquerdista pode ser definido como alguém que não sabe nada de Economia. É tempo de perceber como funciona realmente o mundo, e não como alguns filósofos ou académicos pensam que o mundo deveria funcionar. Este passo é importante para perceber os passos seguinte que tem a ver com o comunismo, as empresas, ou a ineficácia da acção governativa.

Passo nº 4: Diga “Não” ao Comunismo e ao Socialismo Real.

Este conceito que é óbvio para a maior parte das pessoas, representa um passo importante no seu processo de recuperação. Se tem dificuldades com este passo, pense nisso com honestidade, gaste um pouco de dinheiro e vá objectivamente passar uma semana a viver ou a trabalhar em Cuba ou na Coreia do Norte. Se não o puder fazer, perca um pouco de tempo a conversar com cidadãos do Leste Europeu que se encontram um pouco por todo o país. Pergunte-lhe pelo trabalho, salário, condições de vida e reforma que tinham antes de terem sido autorizados a emigrar. E tente compreender qual seria a causa comum a todos este países para viverem na maior miséria.

Passo nº 5: As empresas não são o nem o diabo nem a peste.

Se está a ler este artigo online ou por email, agradeça às empresas. Se recebe o seu salário por cheque ou transferência bancária, agradeça às empresas. O sector associativo ou o estado não teriam dinheiro para gastar se não fossem as empresas. É importante que você reconheça que lucro não é sinónimo de “ganância” ou de “exploração”, e que é o lucro das empresas, recuperado na forma de impostos, que faz viver o estado. Pense nisto: o capitalismo criou a sociedade mais avançada da história da humanidade, e até os paises comunistas precisam de empresas (e do lucro destas) para sobreviverem. Aproveite para beber um copo de realidade.

Passo nº 6. O estado não é apenas ineficiente, é muito ineficiente.

Se você é uma daquelas pessoas que acha que o governo deve aumentar os impostos aos ricos para os dar a si e aos mais pobres, lembre-se que a burocracia do estado vai uma vez mais, desperdiçar a maior parte dos impostos recolhidos, e que ao contrário são os privados quem cria riqueza, e as instituições privadas quem melhor a distribui. Veja como funcionam os tribunais, os hospitais do estado ou qualquer repartição pública, se quiser recordar a sua ineficiência. Lembre-se de como funcionavam os bancos, a TAP, ou qualquer outra empresa nacionalizada, há bem poucos anos atrás, e compare com os dias de hoje. Uma vez mais restrinja-se aos factos e não às interpertações dos factos. Lembre-se do passo nº 2.

Passo nº 7: O planeta Terra não é a sua “mãe”, e não está a morrer.

É agora o momento de parar de financiar as ONGs de fanáticos ambientalistas que vivem à sua custa. Se mesmo assim pretender continuar a dar, peça antes um relatório e contas do ano anterior para saber como distribuiram o seu dinheiro, e informe-se de qual a percentagem que é gasta com o próprio funcionamento. Fique sabendo que ao contrário dos mitos propalados sem qualquer fundamento, o mundo está hoje melhor do que alguma vez esteve: Há menos miséria, menos fome, menos doenças, e até melhor ambiente do que alguma vez houve desde o início da Revolução Industrial. Informe-se sobre isso. O mundo não existe à imagem de Hollywood: os bons não estão todos do mesmo lado e os maus do outro. Acabe com estas e outras ideias feitas: Os alimentos transgénicos não são veneno. Os países pobres não estão contra a globalização, são antes todos a favor. Os países escandinavos não são Socialistas mas sim Capitalistas. Na América há menos desigualdades sociais do que na Comunidade Europeia. A Democracia não é uma invenção da Europa. A ONU não é uma organização isenta, mas um clube de interesses poderosos.

Passo nº 8: Se você consome drogas pare já com isso.

Este passo não é fácil de dar, e provavelmente precisará da ajuda de terceiros, mas reconheça que o Canabis e outras drogas estão a distorcer o seu sentido da realidade, e que precisa de parar com isso. Se você não consome drogas siga para o passo seguinte.

Passo nº 9: Coma carne e coma peixe sem mêdo.

Coma carne e coma peixe moderadamente e vai sentir-se melhor; você não precisa de ser vegetariano para mudar o mundo, e os vegetarianos não são necessáriamente melhores pessoas por isso. Saiba que Hitler era vegetariano e deu no que deu.

Passo nº 10. Torne-se um missionário.

Uma vez que concluiu os passos anteriores de se curar do o esquerdismo, é agora tempo de partilhar com os outros que não tiveram a mesma sorte. A proxime-se da carneirada de esquerda, e espalhe a boa nova da sua libertação da crendice e ignorância que o acorrentaram. Parabéns e benvindo ao mundo real.





quinta-feira, janeiro 20, 2005

Revoltante!

Hoje foi dia de celebrar a Democracia.

Na mais velha Democracia do mundo um novo Presidente foi ajuramentado, tendo proferido um discurso que, tradicionalmente é o mais importante da legislatura, onde expõe as grandes opções programáticas do seu mandato.

As televisões portuguesas não lhe atribuiram qualquer importância, tendo optado (SIC e RTP) por passar uma banda desenhada animada de discutível qualidade, e velha de pelo menos um mês, e uns segundos de reportagem sobre as manifestações anti-Bush. Na SIC Luis Costa Ribas, reporter em Washington, esclareceu-nos que o Presidente nem sequer se referiu ao Iraque, 'talvez por as coisas estarem a correr mal'. Luis Costa Ribas ou não fala inglês, ou não ouviu o discurso. O Presidente americano referiu-se claramente à sua acção nesse parte do mundo.

O jornalismo português é, já se sabe, um jornalismo de causas à maneira soviética. Também é um jornalismo de preguiçosos e incompetentes, e aqui estou claramente a incluir os Conselhos de Redacção e as Administrações das empresas que deixaram as coisas chegarem a este estado. Revoltante!

Portugal está destinado a ser um país do terceiro mundo em que o encontro entre os Presidentes de clubes de futebol ocupa mais espaço televisivo do que os acontecimentos de importância planetária; foi o que aconteceu hoje.


A diferença entre Republicanos e Democratas

Para Charles Krauthammer aqui citado a diferença é que os Republicanos acreditam que os Democratas estão enganados, e os Democratas acreditam que os Republicanos são o mal.
Mas parece-me que, se trocarmos os nomes, muitos Democratas poderão dizer o mesmo, o que leva a discussão para o campo das crenças. E isso é do interesse de quem? Leva a quê?

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Visita preocupante

A ida do candidato a Primeiro Ministro de Portugal a Madrid para visitar o chefe do governo espanhol deve-nos preocupar por dois motivos:
Primeiro porque o engenheiro Sócrates, que tem vasta experiência governativa, não teve a maturidade política necessária para saber evitar tecer críticas ao actual governo do seu país, na casa onde era convidado. O Palácio da Moncloa não é própriamente lugar de discussão de política interna portuguesa.
Em segundo lugar o engenheiro Socrates revela falta de senso, ao dar importância política a uma nulidade, um incompetente, provável governante a prazo, como José Luis Rodriguez Zapatero. Este senhor envergonhou a história da Espanha ao fugir do Iraque do modo como o fez, insultou milhões de espanhois ao propor a adopção legal de crianças por casais homosexuais, (vangloriando-se de estar a propor a legislação mais "avançada" da Europa), e finalmente, conseguiu a obra de estar ser permanentemente chantageado pelas autonomias Basca e Catalã, estando hoje réfem dos partidos minoritários da coligação com que formou governo. E tudo isto em apenas dez meses.

domingo, janeiro 16, 2005

Quem paga

A sempre acutilante crónica de Helena Matos no Público fez-me lembrar um comentário de um ouvinte no Forum da TSF um destes dias sobre o pagamento de propinas na Universidade: Sempre a pagar! Qualquer dia até vamos ter de pagar pelas escolas dos nossos filhos!
Assim mesmo.

sábado, janeiro 15, 2005

Rio Nilo - III

Não há Introdução à História da Humanidade que não começe com o Egipto. Uma lista impressionante de nomes como Keops (2.589ac) ou Kefren (2.558ac), construtores de pirâmides, Amenhotep (1.525ac), Akhenaton, o primeiro faraó monoteista, e Nefertite (1.350ac), onze Ramsés (1.295 a 1.069ac), Dario (520ac) e Artaxerxes (430ac) e a conquista Persa, Alexandre o Grande (330ac), quinze Ptolomeus (305 a 30 ac), Julio César , Marco António, Cleopatra (30ac) e o domínio de Roma, a conquista árabe e a conversão ao Islão (640), Saladino (1.171), os Mamelucos (1.250 a 1.516), a passagem de Napoleão, todos estes nomes de alguma forma determinaram o futuro do Egipto, e todos os grandes eventos da História deixaram a sua marca no território.

Os egípcios de hoje não tem nada a ver com os povos que dominaram estas terras na antiguidade, sendo os descendentes dos povos árabes que com Amr Ibn al Aas conquistaram o decadente resquício do Império Romano. Como em todos os tempos mais de noventa e cinco por cento da população vive ainda hoje encostada ao rio Nilo, mas a semelhança para aí. Não há qualquer ligação com o passado, e a cultura islâmica impõe uma subtil barreira para os não crentes, o contacto torna-se difícil quando não impossível. A falta de diálogo gera a incompreensão e às vezes alguma hostilidade para com o estrangeiro.

Da primeira vez que visitei o Egipto, encontrei mais vontade de contacto, mas também nessa altura o turismo de massas ainda não tinha feito o seu estrago. Quis comprar uns sapatos que vi numa montra. Discuti um pouco o preço, como sempre se faz, e calcei-os nos pés para sair. Vinte metros depois saltou-me o fundo do pé direito. Voltei para a loja onde depois de muitas desculpas me trocaram por outro par, bem embrulhado. Já no hotel voltei a calçar os sapatos novos para sair, mas só duraram até ao hall da entrada. Ficaram no caixote do lixo. Depois, contaram-me que no tempo do grande movimento de navios de passageiros pelo canal de Suez, os viajantes compravam relógios cuja corda só durava vinte e quatro horas, o tempo suficiente para o navio se afastar. Hoje, esse temo acabou e não tenho a certeza se esta anedota é a regra ou a excepção, mas a impressão que tenho, e pela qual me tenho guiado, é a de que nunca fiando.

logo por detrás, sempre presente, o deserto Posted by Hello

com dignidade... Posted by Hello

pobre... mas limpo... Posted by Hello

Rio Nilo - II

O rio tem um sistema viário simplicíssimo: as suas águas correm lentamente de sul para norte, e desaguam no Mediterrâneo; o vento é moderado e constante de norte para sul. De modo que para descer em direcção à foz basta ter uma embarcação com um leme, e deixar-se levar ao sabor da corrente. Para subir o rio, qualquer mastro tosco com uma simples vela quadrada faz o serviço com eficiência. Quando olhamos para um papiro ou hieróglifo, entendemos imediatamente se a embarcação retratada sobe ou desce o rio.
Esta navegação fácil, e a riqueza da terra verdejante, explicam o aparecimento das primeiras organizações humanas complexas, quando há mais de 5.000 anos foram unificados pela força e pelos casamentos, os reinos do Alto e do Baixo Nilo, dando origem à primeira nação-estado, percursora dos estados modernos que conhecemos hoje com a sua corte de funcionários administrativos.

enquanto outro faz a sua oração... Posted by Hello

uma a uma... Posted by Hello

carregando pedra para fazer a margem... Posted by Hello

Rio Nilo - I

O fascínio de percorrer o Nilo lentamente, de barco, é o de poder ir, num ápice, do começo da História até aos nossos dias. O viajante moderno pode escolher entre o conforto de um barco-hotel de várias estrelas, ao simples aluguer de uma feluca com um único tripulante, que ao cair da tarde encosta à margem, ao acaso, uma vez que o Baixo Nilo já não tem crocodilos como antigamente, e as praias são muitas. Ao longo do rio encontra os vestígios das várias civilizações que ocuparam este vasto território, e contacta com as populações de fellahin, que, como há milénios, trabalham a terra, menos fértil hoje, desde a construção da barragem de Assuão, que ao controlar as cheias, impediu os sedimentos de se depositarem nas suas margens.

Nem todas as felucas são de madeira sólida. Também as fazem em chapa de ferro para transportes mais pesados, e até com dois mastros, mas na generalidade são embarcações de madeira. A maneabilidade destas pesadas embarcações é coisa de pasmar. As velas, triangulares, são feitas em tiras de algodão, o ferro é uma cruzeta soldada que se deixa cair no fundo de lodo. Não há motor. Um remo comprido serve de pagaia para acostar.


quinta-feira, janeiro 13, 2005

Votar em branco

A previsível abstenção, que se espera muito elevada, nas próximas e futuras eleições, é fruto da descrença dos cidadãos nas virtudes da democracia. Mas a democracia continua a ser o menos mau de todos os sistemas de governo que até hoje conhecemos.

O voto em branco é um sintoma de algo bem mais grave, e sem cura. Quem vota em branco acredita que os políticos tem meios de fazer cumprir as promessas económicas que fazem (seja no crescimento económico, ou na oferta de postos de trabalho, ou muitas outras que estão para vir), e que se estas promessas se não cumprem é porque "eles" não querem, nunca porque "eles" não podem.

O que a história económica nos ensina, e temos aí tão perto todo o século XX para analisar, é que são exactamente as economias menos intervencionadas pelos políticos que tem mais sucesso, quer em termos de crescimento económico, o que não surpreende ninguém, mas quer sobretudo na distribuição da riqueza gerada. Todas as experiências de controlo da produção económica pelos políticos falharam miseravelmente. Todas. E todos nós sabemos isso, incluindo os políticos claro está, só que estamos condicionados como o cão de Pavlov, para que ao tocar o sino na hora de comer começarmos a babar. Depois quando a comida não chega amuamos.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Um dos mais interessantes projectos de conservação de sempre

Vale a pena ouvir a entrevista com J. Michael Fay, e seguir os comentários que faz com alguma regularidade, da estranha viagem num pequeno Cessna de dois lugares, à procura dos lugares mais isolados de África. Mais de 200.000 kilometros.

domingo, janeiro 09, 2005

calma que o dia ainda não acabou... Posted by Hello