segunda-feira, agosto 28, 2006

Desenho Inteligente

Levámos duzentos anos até acreditarmos que a terra não estava no centro do universo.

Provavelmente levaremos outros duzentos até que as teorias de Darwin (e a evidência científica publicada), sejam aceites como correctas.

O homem é um animal terrivelmente egocêntrico e não admite não ser o alfa e o ómega da criação.

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Israel e o direito à existência

O direito à existência do Estado de Israel tem sido contestado com o argumento histórico de que este estado foi criado por mandato da extinta Liga das Nações, (precursora da ONU), entregue à administração britânica em 1948, ou seja há pouco mais de 57 anos. Os vizinhos de Israel dizem todos estar nessa terra há tempos imemoriais. Estarão?

Líbia: país criado por independência outorgada pela Itália em 24 de Dezembro de 1951.
Síria: país criado por mandato da Liga das Nações, entregue à administração francesa em 17 de Abril de 1946.
Líbano: país criado por mandato da Liga das Nações, entregue à administração francesa em 22 de Novembro de 1943.
Iraque: país criado por mandato da Liga das Nações, entregue à administração britânica em 30 de Outubro de 1932.
Jordânia: país criado por mandato da Liga das Nações, entregue à administração britânica em 25 de Maio de 1946.
Arábia Saudita: país criado a partir das conquistas da família Saud, (o único país que me lembre que tem um nome de uma família), e tornado independente em 23 de Julho de 1932.

E como alguém justamente perguntou: se tivesses de escolher para ter como vizinho entre Israel e qualquer um destes países, qual escolhias?

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sexta-feira, agosto 25, 2006

Afinal não é só por aqui que eles desaparecem

quinta-feira, agosto 17, 2006

Chapim de Poupa


Parus cristatus, juvenil, encontrado na estrada de alcatrão, debaixo de uns pinheiros mansos gigantescos, onde seguramente nasceu. Estava cheio de sede e foi solto no mesmo local uma hora depois. Repare-se na crista já visível, e nas marcas pretas e brancas da cabeça.

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segunda-feira, agosto 14, 2006

Um Homem que Mudou a minha Vida

Se tenho que nomear alguém digo já que não foi nenhum homem de religião, muito menos Marx, Engels, ou Bakunine. Não foi Platão, Aristóteles ou Santo Agostinho. Não foi Freud, Fukuyama, Aron ou Revel. Não foi sequer Darwin. Se uma pessoa influenciou a minha vida mais do que qualquer outra, foi Milton Friedman, e a sua série de vídeos Free to Choose está agora disponível na net graças ao Google.

Volume 1: Power of the Market
Volume 2: The Tiranny of Control
Volume 3: Anatomy of a Crisis
Volume 4: From Cradle to Grave
Volume 5: Created Equal
Volume 6: What's Wrong with our Schools
Volume 7: Who Protects the Consumer?
Volume 8: Who Protects the Worker?
Volume 9: How to Cure Inflation
Volume 10: How to Stay Free

Pode-se ver uma, duas, muitas vezes, porque pela sua expontaneidade, há sempre algo a aprender.

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domingo, agosto 13, 2006

A esquerda conhece Marx?

A esquerda radical não conhece Marx.

A ideia central do pensamento de Karl Marx (v. Manifesto do Partido Comunista) é de que as ideias dominantes de uma época são as ideias da classe dominante. Porque a classe dominante é a classe social que detém o poder económico, e quem detém o poder económico determina o pensamento da sociedade.

Nada mais verdadeiro se aplicamos esta ideia ao que se passa no mundo árabe dominado pelo Islão. A classe dominante (religiosos, chefes tribais, militares, comerciantes), impõe às classes dominadas um sistema de vida que é feito na base da submissão (em àrabe: islam) e aceitação das ideias dessas classes. Submissão e aceitação do facto de muitos homens não encontrarem parceira (a poligamia impõe que muitos homens não consigam procriar), submissão do sexo feminino ao poder do sexo masculino e a virtual eliminação dos direitos das mulheres, submissão e aceitação das regras e preceitos religiosos que impõe um estrito controle social, submissão e aceitação da vontade autoritária do chefe, do emir, do sheick, ou do íman.

Tudo isto parecem ser ideias caras à esquerda moderna (?!), e por esse motivo o seu apoio aos movimentos religiosos integristas islâmicos, e à perpetuação deste estado de coisas. Nada mais estranho à esquerda radical moderna do que a ideia de democracia para os estados árabes. Não se lê um escrito, uma ideia, um debate sobre o assunto. Não se lê um escrito, uma ideia, um debate sequer sobre o problema central da liberdade.

Porque a esquerda não só não leu Marx, como não se interessa pelo marxismo. O marxismo é apenas uma bandeira sem conteúdo. O pensamento moderno de esquerda é o fruto da sociedade capitalista e de consumo que a esquerda abomina. Não nos devíamos admirar portanto que para a esquerda radical o Islão tenha o mesmo efeito que o comunismo: uma ilusória promessa de paraíso para os descontentes. Algo que a religião católica já não promete.

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sábado, agosto 12, 2006

Papa-figos




Encontrado em casa de um vizinho. Papa-figos, Oriolus oriolus, juvenil, estado muito fraco, não se tem em pé. Não consegue voar.
Muito tímido e difícil de observar, (segundo o guia FAPAS), do tamanho de um tordo, o juvenil tem o peito pintalgado tal como estes.

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terça-feira, agosto 08, 2006

Duas ou três coisas sobre os incêndios

1. A causa primeira dos incêndios que lavram descontroladamente no Verão reside na alteração do modo de vida das populações que há quarenta anos viviam da agricultura e agora vivem nas cidades ou na sua periferia. Não há mais camas para o gado logo não há limpeza das matas, não há quem veja o incêndio quando começa, porque o chamado "interior" do país (tal como o resto do continente Europeu) está deserto de pessoas. Quando se dá pelos incêndios já estes atingiram proporções gigantescas.

2. Os media deliram com incêndios: dá imagens emotivas com o sensacionalismo de uma guerra, e com muito pouco custo e nenhum risco.

3. Estão assim criadas condições para que os sucessivos governos, cada vez mais protectores e intervencionistas, prometam soluções que só se podem cumprir instituindo sistemas totalitários de controle. Do género de nós-é-que-iremos-acabar-com-isto. Com o isto começa a funcionar um "sistema". O sistema daqueles que vivem em simbiose com os incêndios: políticos, bombeiros, doentes mentais incendiários, madeireiros, fornecedores de equipamento, eventualmente jornalistas, todos a fazerem dos incêndios um negócio.

4. Quando se verifica que os governos não cumprem, ( e nenhum cumpre porque simplesmente a promessa não é "cumprível"), os media ajudam a lançar a "culpa" sobre os políticos. Sobre todos os políticos. Os políticos assumem a culpa, e iniciam um novo ciclo vicioso, com mais promessas, que por sua vez não são cumpridas, os media falam, etc.etc.

É possível "acabar" com os incêndios?

Penso que não, mas que é possível acabar com o negócio dos incêndios, e com as consequências perversas do sistema. A tecnologia de vigilância precoce por satélite não é nada do além, e uma vez implementada no terreno e conjugada com forças de intervenção rápida (e não o telefone dos bombeiros da terra), poderá eliminar diversos níveis de "poder" que, enquanto actuam, vêem, discutem, reúnem, falam no telemóvel, fazem as frentes de incêndio atingir vários quilómetros.

*****

Há três anos atrás, um pequeno incêndio deflagrou perto da minha casa na Serra da Arrábida. Telefonei para os bombeiros locais que já estavam avisados. Num cabeço, onde observei o andamento do incêndio, falei com o chefe dos bombeiros que entretanto chegara num jipe Toyota branco, novo, todo pimpão. Nem trazia binóculos, e tive de lhe emprestar os meus. Saiu dali dizendo-me para telefonar para um número de telefone e pedir para falar com ele se eu visse o incêndio mudar de direcção e vir para cima das nossas casas. Telefonei, e fui atendido por um senhor que me disse ignorar o nome do senhor chefe, porque eu estava a falar com uma central que atendia todo o país. Entretanto o incêndio tomou as proporções que são conhecidas e ardeu metade da serra. Só parou quando entraram em acção os aviões.

Dois meses depois, comentando o incêndio com um morador do Portinho da Arrábida, e dizendo-lhe da sorte que tinha por o incêndio ter parado um pouco antes, este respondeu-me:
"- O que nos valeu foi que o guarda do Convento telefonou para o Dr. Carlos Monjardino (proprietário do Convento da Arrábida), e avisou-o que o Convento ia arder. Passada meia hora estavam cá dois aviões a acabar com o fogo."

Verídico.

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domingo, agosto 06, 2006

São os jornalistas quem mais devemos temer

O jornalista típico é um ser humano com todos nós, com boa formação, politicamente correcto, um democrata que defende os direitos do homem, os direitos das minorias, a igualdade entre os sexos, o direito à vida, o ambiente, a liberdade de informação, a liberdade de opinião.

Porque se transforma então num fanático quando escreve um artigo de jornal, ou faz uma reportagem para a televisão?

É confrangerora a simpatia que muitos jornalistas nutrem por um personagem sinistro como Fidel Castro, que é um reconhecido e assumido assassino de milhares de cubanos seus compatriotas, um perseguidor de homosexuais e de portadores de HIV, a quem coloca em campos especiais de tratamento, um defensor acérrimo da pena de morte que aplica à sacidade, um abusador dos direitos humanos, um ditador que subjuga há 47 anos onze milhões de pessoas, a quem impede o acesso à cultura, à televisão, à internet, ao consumo. Porquê a simpatia?

Porquê a simpatia ou no mínimo a tentativa de "compreensão" de uma causa como a dos Taliban ou agora dos Hezbollahs, personagens da Idade Média, que mutilam e escravizam as mulheres, que fazem gala da sua poligamia, que utilizam homens-bomba junto de escolas ou autocarros, que matam indiscriminadamente mulheres ou crianças entre as quais se misturam para lançar bombas, que querem destruir a civilização ocidental, que são contra a liberdade de opinião, os jornais ou quaisquer outros escritos não religiosos, ou até a própria musica. Porquê a simpatia?

Uma primeira resposta reside na aceitação quase universal do multiculturalismo: todas as culturas são equiparáveis, não há culturas melhores ou superiores a outras. Todas tem aspectos positivos e aspectos negativos. Esta posição mental é filha do relativismo moral, uma descoberta do séc. XX, que nos ensina que o bem e o mal não são valores absolutos, mas conceitos relativos que variam de acordo com quem os pratica.

Uma outra resposta tem a ver com uma crítica ao modo de vida da sociedade capitalista ocidental, materialista, utilitária, complexa, livre, injusta, que não encaixa com as soluções miríficas chave-na-mão que os intelectuais literatos tem para o mundo.

O sistema escolar actual instila nas profissões académicas uma sensação de injustiça em relação às outras profissões mais técnicas e entendidas por eles como menores, uma vez que a sociedade capitalista premeia acima de tudo aqueles que trazem soluções para as necessidades que o mercado apresenta, em detrimento das profissões de maior prestígio e poder. A sociedade capitalista dá a cada um de acordo com a sua participação no bem-estar dos outros. Posto de modo mais simples: é inaceitável para muitos intelectuais que um mero vendedor de hamburgueres à porta do estádio possa ganhar mais dinheiro, ter melhor vida, que um jornalista encartado. E como é inaceitável, a sociedade que permite isso é rejeitada.

Nesse sentido a defesa intelectualmente contraditória e contra-natura de soluções puras ou simplesmente rejeccionistas como Cuba ou o Islamismo integrista.

Para uma melhor compreensão deste fenómeno recomendo a leitura deste artigo de Robert Nozik, professor de filosofia em Harvard, para além do extraordinário ensaio de Ludwig von Mises, The Anti-Capitalistic Mentality, um clássico.

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Al Gore: auto-retrato de um pedante

Este vídeo de 16 minutos das produções Al Gore, mostra à saciedade como qualquer idiota pode ser Vice-Presidente de um grande país durante oito anos e não passar de um modesto entertainer possuidor de um ego gigantesco, convertido agora em vendedor de banha-da-cobra, promovendo palestras sobre o ambiente.

O auto-proclamado inventor da Internet durante oito anos não fez nada sobre o ambiente. Agora que está fora do poder, lamenta-se, durante seis dos dezaseis minutos de duração do vídeo, dos estatutos que perdeu (avião particular e escolta policial), e nos restantes dez minutos faz uma apresentação medíocre sobre medidas de protecção do ambiente (do género ande de bicicleta, faça reciclagem, seja verde, compre carros híbridos, o-que-eu-faço-não-se-trata-de-política).

Gostava de saber se o homem ao menos pratica o que prega.

Uma proposta realmente interessante, e dois livros para ler

A proposta de Daniel Dennet que aqui pode ser vista em vídeo, é de uma oportunidade indiscutível, e devia ser adoptada pelo sistema educativo de todos os países.

O argumento é o seguinte: a religião é um fenómeno natural ao ser humano. Devia ser de ensino obrigatório nas escolas, a par da gramática ou da matemática.

Mas se a escolha do ensino de uma religião deve caber aos encarregados de educação da criança, não deve ser a única religião a ser ensinada, pois às crianças não se devia nunca ensinar uma religião, mas todas, ou melhor, todas as possíveis. A religião devia ser comparada. Só assim estamos a educar as crianças na livre escolha. E a criar barreiras contra o fundamentalismo religioso. Mas vale mesmo a pena ver o vídeo.

*****

David Lewis -Williams e David Pearce no seu livro escrito em conjunto Inside the Neolitic Mind ( ed. Thames & Hudson, Londres, 2005, 320 páginas), demonstram inteligentemente que a religião é um fenómeno neurológico gravado na nossa mente, (neurological patterns hardwired into the brain), que o sentido do mundo sobrenatural é comum a todos os homens de todos os tempos e em todas as civilizações, e que há muitos traços comuns entre as diferentes experiências religiosas. É fantástico realizar que os progressos do estudo da antropologia nos últimos vinte anos, nos fazem recuar no conhecimento da História mais de dez mil anos, até ao começo da agricultura e domesticação dos animais.

Uma das propostam mais interessantes do livro é a de nos dar a conhecer que para os homens do Neolítico, (assim como para os homens da Idade da Pedra que viviam até há bem poucos anos em paralelo com a nossa civilização), o mundo real e o mundo imaginário estão interligados, e é possível fazer uma viagem entre estes dois mundos sem que exista uma fronteira definida. Assim contado, parece uma história de ficção científica. Não é, e só por isso recomendo a leitura deste livro.

Sobre o livro de Dennet vou voltar a ele mais tarde.

Agosto é um Inferno da Estrada

Agosto é um Inferno da estrada, porque as bestas andam à solta, e os polícias que não estão de férias estão no ar condicionado dos quarteis.